sexta-feira, 24 de abril de 2020

Nesta "nova" crise, uma desculpa perfeita para (Re)começar!

  "O medo é a prisão do teu coração" 
Anónimo

Analisando esta actual crise de um modo diferente, dos actuais números e prognósticos, esta crise pandémica poderá ser vista num olhar diferente. E neste sentido, poderemos dizer que não estará desligada do que acontece mundialmente à raça humana. Se analisarmos outras incidências graves de doenças, podemos observar um aumento progressivo de vários tipos de cancro como o do cólon, da próstata, do pulmão e da mama. Todos eles estão, de alguma forma, ligados à energia de pulmão (seguindo a medicina tradicional chinesa). E a energia de pulmão lida com tristeza. Desta forma, observamos que a maior infecção deste micro-organismo (Covid-19) é a nível pulmonar. O que nos leva a pensar que, provavelmente a humanidade está a vibrar numa frequência triste, e que talvez seja o tempo de resgatar a alegria e a nossa música interior, um outro colorido emocional e vibratório. 
Observando por outro lado, é curioso analisar que a população menos afectada pela inflamação são as crianças, que portadoras de uma alegria inata e contagiante, e apesar de poderem ser infectadas, não são as que mais sofrem das complicações do vírus. 
Se olharmos ao nível planetário, também a Terra sofreu nos últimos tempos de graves afecções pulmonares (incêndios devastantes, perdas significativas de pulmões geográficos por corte de árvores, aumento da poluição atmosférica). Poderemos simbolizar aqui também essa "tristeza da Terra", e a necessidade de encontrarmos outros meios mais saudáveis de preservarmos a nossa casa global, uma Terra mais limpa, mais saudável. 
Esperemos que, com esta experiência global vivida, se desenvolva na Humanidade a consciência da necessidade de procurar e desenvolver novos caminhos, novos hábitos, mais responsabilidade ecológica. Também em termos sociais, assistimos a um desenvolvimento de uma Consciência Colectiva que assenta em valores como de Solidariedade, responsabilidade pelos outros, uma maior responsabilidade e cuidado pela nossa casa (e desta forma uma melhor gestão do auto-cuidado). 
Torna-se importante e urgente, deslocar a nossa atenção e foco de sentimentos em que a frequência vibratória se eleva deixando as "águas profundas e lodosas" do ódio, raiva e ressentimento, para experiências de aceitação, compaixão e amizade ao outro. Mas, acima de tudo, ser capaz de enfrentar os nossos receios, os nossos medos, reconhecendo-os a aceitando-os. "Só podemos mudar depois de aceitar". 
E assim, de repente, ficamos numa situação extremamente vulnerável e frágil. E apesar de todas as grandes construções e criações humanas, senti-mo-nos impotentes e vulneráveis perante uma partícula tão pequena, invisível ao olhar, mas ameaçadora da nossa segurança. 
Para alguns de nós, esta clausura forçada em casa, impacta na sua noção de liberdade e livre escolha, que muitos apelidam de "castigo". 
Talvez esta possa ser uma excelente oportunidade para interiorizar-mos-nos e observar-mo-nos, na procura de sinais de mudança. O que temos vindo a negligenciar em nós, que precisa de ser mudado? Certamente seremos capazes de descobrir muitas pequenas coisas que podem ser mudadas, e são essas pequenas coisas que podem criar a "grande" mudança em nós. 
O que podes mudar nos teus hábitos de auto-cuidado? O que podes alterar na relação com o teu (tua) parceiro(a)? E na relação com os filhos, o que precisas mudar?
Se antes, tínhamos pouco tempo, pois sempre havia coisas mais importantes para fazer, hoje em dia há tempo para fazer aquelas pequenas coisas que foram sendo adiadas. 
Se olhar-mos ao nível da Humanidade, quebraram-se as barreiras de raça ou cor, ou nacionalidade, para descobrirmos que temos que pensar em cuidar de todos, sem distinção, e com isso finalmente percebermos que estamos interligados para sempre. Fazemos parte de um todo comum, e somos todos responsáveis por esse Todo. 
Então agora poderemos pensar que nota individual poderemos acrescentar a esse todo? Que possa contribuir para essa sinfonia da Vida? Mas que ressoe vinda do coração, partilhada a partir do nosso coração,contribuindo para iluminar e acalentar o coração dos outros. Será uma Honra participar nessa Partitura Colectiva, nessa expressão de afecto e amor pelo outro. 
Pára de fugir. É tempo de olhar para dentro para nos projectarmos no exterior, percebendo que o tempo é sagrado e que não podemos adiar o inadiável:
exprimir aquilo de que temos estado em silêncio, os sentimentos de apreço e valor pelo que nos rodeia e por aqueles que tornam o nosso dia-a-dia mais agradável. Recuperar os espaços, mas para a reunião, não para a ausência. Utilizar os recursos de forma racional e para além dos nossos próprios interesses. Compreender que há muitos que têm sido menos favorecidos, mas não por essa razão, com menos talentos. Acordar de uma vez por todas para a compaixão a fim de poder mover-se com o outro. Renunciar à pequena ofensa, para nos encontrarmos em reconciliação e perdão. Para curar o coração e aceitar humildemente reconhecer os nossos erros. 
Faça música novamente com cada palavra para que a ode à alegria seja mais contagiosa do que o vírus. Reconquistar as pausas para amortizar a pressa e assim poder contemplar a paisagem que temos de cuidar. Dirigindo o nosso olhar para tudo o que representa a cor para nos derreter em tons intensos que nos permitam desfrutar de cada momento como o melhor. Empreender com tenacidade a construção de um mundo em que as virtudes prevaleçam e as capacidades postas ao serviço se expandam mais do que a competição e a rivalidade. Colocar um raio de luz que brota espontaneamente da nossa pureza e inocência interiores, de modo que muitos faróis possam ser vistos ao longe. Utiliza a tua luz para iluminar caminhos!


Para mais informação, contacte-nos através de email:
somaeser@gmail.com

Ana Paulico
Psicóloga Clínica e da Saúde / Psicoterapeuta



Propósito de Vida ou Aventura de Vida?!

Reflectindo sobre os dias presentes, percebo que muitas das pessoas que conheço ou acompanho, encontram-se neste momento como que numa estação da auto-estrada, sem combustível para poder continuar. Mas esta é sem dúvida uma excelente oportunidade para parar e pensar. 

Qual o Propósito da minha Vida?

A procura do propósito ou sentido de vida, de acordo com Desidério (filósofo, prof. e escritor), é mais premente quando a vida nos corre mal e muito frequentemente é uma maneira de exprimirmos a nossa frustração muitas vezes temporária. 
Neste caso, quando o que nos faz sentir menos bem desaparece, esta interrogação eventualmente desaparecerá também. 
No entanto é frequente algumas pessoas se questionarem por esse Propósito, mesmo quando tudo na sua vida corre de feição. Tolstoi o escritor e autor de “Anna Karenina”, por exemplo, interrogava-se sobre o sentido da vida precisamente no momento em que parece ter todas as razões para se sentir feliz. Essa é pois, verdadeiramente a interrogação filosófica sobre o PROPÓSITO DA SUA VIDA.
Um autor que leio e recomendo, médico neurologista, Viktor Frankl, mfala-nos da sua experiência pessoal num campo de concentração de Auschwitz, tendo sobrevivido ao Holocausto após 4 anos de cativeiro. No seu livro, “O Homem em busca de um sentido”, escrito em 1946, o autor narra a sua luta dramática pela sobrevivência e também o método de intervenção que desenvolveu que é aplicável a qualquer pessoa e em qualquer circunstância de vida. 
A Logoterapia ou Análise Existencial é "uma abordagem psicoterapêutica reconhecida internacionalmente e que se fundamenta empiricamente no sentido da vida“. Nesta corrente, a necessidade mais profunda do ser humano é de ter sentido na vida. Isso faz com que essa procura,  essa "vontade de sentido" seja a maior força motivadora do ser Humano.
Já alguma vez se questionou, "Qual o meu Propósito de Vida?"
Se a nossa vida tem sentido quando nos entregamos activamente a projectos de valor, o que acontece à nossa vida quando atingimos os objectivos de tais projectos?  

Falando de Valores e Virtudes

Que valores temos que ter presentes para atingirmos ou alcançarmos o que considerarmos o nosso Propósito de Vida? 
Olhando para as Virtudes do Ser Humano podemos escolher os Pilares da Coragem e da Transcendência, que reúnem as Forças de carácter como Entusiasmo, Coragem, Honestidade e Persistência ou Espiritualidade, Esperança, Humor, Gratidão e Apreciação da Beleza.  (mais sobre este assunto em futuros artigos ou no site https://positivepsychology.com/).  Mas também o Pilar da Sabedoria/Conhecimento, que reúne: forças como a Criatividade e a Curiosidade, ou o Gosto pela Aprendizagem. Bem como o Pilar da Moderação, que nos trás a gestão do Autocontrolo
Ficam a faltar a Humanidade e a Cidadania...
Por outro lado, um aspecto que consideramos de vital importância para a superação das dificuldades e dos momentos difíceis da vida é a nossa capacidade de resiliência. 

Resiliência, uma capacidade aliada em momentos difíceis

A Resiliência é a capacidade do ser humano trabalhar, superar, aprender e/ou até mesmo se transformar a partir dos imprevistos inevitáveis da vida. Tal capacidade de se proteger oferece condições para uma pessoa, um grupo e/ou uma comunidade prevenir e/ou superar os efeitos prejudiciais causados pelas adversidades da vida. No momento actual todos nós sentimos mais ou menos intensamente as dificuldades comummente sentidas, mas alguns manifestam uma maior capacidade de adaptação e superação que outros a estas dificuldades. Assim poderemos dizer que uns serão mais resilientes que outros. A resiliência é a capacidade de superar os obstáculos, não deixando que eles interfiram na nossa saúde mental. As pessoas resilientes nunca perdem a esperança e têm uma visão bastante positiva e optimista sobre as situações, mesmo nos momentos mais difíceis de suas vidas. As pessoas resilientes tendem a ser mais criativas. Use a sua criatividade como ferramenta para achar uma solução para seus problemas, e não apenas sucumbir a eles ou deixar que te consumam. Assim como disse o grande cientista Albert Einstein, fique de olhos muito bem abertos, pois as possibilidades são infinitas! 
Precisamos então de ter presentes Forças como Coragem, Esperança, Criatividade, Persistência, mas também o Autocontrolo. Esta capacidade de Resiliência insere um amplo conjunto de características intrínsecas ou construídas pelas pessoas de forma a uma adaptação positiva e construtiva perante os desafios, a adversidade e os acontecimentos negativos da vida (Dunn, Uswatte e Elliott, 2011). As pessoas resilientes confrontam-se com os acontecimentos, transformando-os positivamente. Para Barbosa (2010) a resiliência é uma experiência que implica amadurecimento e desenvolvimento, ou seja, todo indivíduo tem uma predisposição à resiliência que pode ser desenvolvida a partir das suas vivências, durante toda a vida. Também, a resiliência, nas ciências humanas, está relacionada com processos psicossociais que favorecem o desenvolvimento saudável do indivíduo mesmo diante de adversidades. E desta forma, o estudo da resiliência tem como objectivo compreender as características individuais e ambientais que podem ser modificadas para que os indivíduos consigam enfrentar as situações adversas e sair fortalecidos. 
Podemos então questionar:

O que nos torna mais Resilientes?

Num estudo realizado por Moran (2005) e baseado numa amostra de 868 sujeitos, encontrou que certos traços de personalidade apresentam maior resiliência perante situações stressantes. São elas: 
1) Estabilidade emocional - baixa tendência para estados depressivos 
2) Extroversão, complementada com uma auto-estima saudável 
3) Controlo interno 
4) Capacidade de enfrentar os problemas, aumentam os factores favoráveis ou de protecção, focando-se no problema e como ultrapassá-lo ou aceitá-lo (Morán, 2005). 
5) O factor de uma personalidade “amável” é uma variável moduladora do estresse (Menezes, 2011). 
6) As pessoas mais amáveis sentem menos esgotamento emocional, comparativamente com as pessoas menos amáveis e também tratam com maior consideração e respeito os outros.

No próximo artigo falaremos em estratégias para o desenvolvimento da Resiliência.

Para aprofundar sobre este assunto poderá consultar https://positivepsychology.com/meaning-of-life-positive-psychology/


Ana Paulico 
Psicóloga Clínica e da Saúde / Psicoterapeuta
em colaboração com Helena Cardoso
apontamentos de um programa de rádio realizado em Junho de 2019 (Rúbrica "Vamos Pintar a Manta" do Programa Convergências)


Para mais informação sobre este assunto
contactar via email: somaeser@gmail.com

Psicoterapia e Desenvolvimento Pessoal

A Psicoterapia de Apoio, pela sua definição, poderá ser recomendada a todas as pessoas. Por natureza surge como um pedido de auxilio, numa situação de crise. Mas pode e deve ser, cada vez mais encarada como uma ferramenta de descoberta pessoal. Neste sentido, a psicoterapia permite-nos um auto-conhecimento profundo do modo como funcionamos e a descoberta das ferramentas necessárias para o nosso bem-estar, na procura da saúde mental.

Áreas de Intervenção:
Psicoterapia individual da Criança, Adolescente e Adulto e Idoso, nas diversas problemáticas associadas.
Psicoterapia de Desenvolvimento Pessoal, na descoberta do Ser.
Avaliação Psicológica

Contactos Profissionais:
Telem: 919 017 280
email:
anapaulico@gmail.com