(traduzido e adaptado por Ana Paulico)
"Precisamos de quatro
abraços por dia para sobreviver. Precisamos de oito abraços por dia como sustentação.
Precisamos de doze abraços por dia para crescer." - Virginia Satir
Todo o pai/mãe deseja aquele
momento de intimidade com a criança que faz derreter qualquer coração. Esta
ligação afectiva é tão importante, para nós pais, como para os nossos filhos. Quando
é uma relação afectuosa forte, também é doce, por isso sabe tão bem dar. Por
ser tão gratificante ouvimos dizer a alguns pais, que “a relação que têm com os
seus filhos vale todo o sangue, suor e lágrimas”.
É também esta ligação que leva
as crianças a seguirem as nossas regras. As crianças que se sentem fortemente
ligadas aos pais querem cooperar, desejam agradar. Estabelecida essa relação de
confiança, os filhos esperam que os pais lhes digam o que é melhor para eles.
Esperam esse apoio, procuram essa presença na sua vida. Na consulta é frequente
ouvir os pais dizerem que tudo muda quando o seu enfoque se passa a fazer na
relação e não só na censura, quando algo não está bem.
No entanto, todos somos humanos
e há dias em que só nos resta energia para o que é básico e considerado
essencial, dar banho e comer, manter um tom moderado na conversa, abraçá-los e
deitar para dormir. Para a rotina começar de novo no dia seguinte. Tendo em
conta que a educação é o trabalho mais desafiante do mundo – e muitas vezes
feito no tempo que temos livre, depois de um dia inteiro de trabalho – a única
maneira de manter forte essa ligação com os nossos filhos é construir hábitos
diários de relação.
Que tipo de hábitos?
1) Objectivo dos 12 abraços (ou
contactos físicos) todos os dias.
Abrace seu filho logo de manhã,
quando você diz adeus, quando se reencontram, na hora de dormir, e muitas vezes
durante o dia. No caso de um
pré-adolescente ou adolescente poderá haver dificuldades nesse gesto afectivo,
ainda que estejam sempre “colados” aos seus amigos, da mesma idade. Essa
questão é ultrapassada se lhe levar uma bebida fresca quando chegam, se lhe
oferece uma massagem enquanto conversam (parece-lhe difícil? Esta é uma forma
infalível de saber o que lhe aconteceu no seu dia. Vai sentir-me muitas vezes
contente se tiver estes pequenos gestos na sua lista de prioridades diárias).
2) Ligue-se antes das transições.
Algumas crianças manifestam uma grande dificuldade em fazer a transição de
uma actividade para outra. Em deixar a televisão para ir jantar, ou deixar de
brincar para saltar para o banho. Se
a olhar nos olhos, usando o seu nome, com tranquilidade, se brincar um pouco
para a fazer rir, você vai “encher o seu copo” e certificar-se de que a criança
tem os recursos internos para gerir por si mesma essa transição. As manhãs poderão
ser facilitadas se começar com um mimar de cinco minutos ao acordar para ajudar
o seu filho na transição do sono para as funções de vestir e escovar os dentes.
3) Brincar.
Risos e brincadeiras poderão mantê-lo
ligado ao seu filho, estimulando as endorfinas e oxitocina de ambos. Fazer das brincadeiras um hábito
diário também dá a seu filho a capacidade de superar ansiedades e preocupações que
de outra forma o fazem sentir-se desligado – e mais inclinado a ter um mau comportamento. E o jogo ajuda a criança querer cooperar. O que é que imagina que irá funcionar melhor?
"Pequeno Gorilla, é
hora do teu pequeno almoço, vêm comer os teus cereais e ba-na-naaaaas!" e "não achas que podes levar o teu
camião de construção para o carro agora, assim ele vai poder ver a estrada em
obras enquanto vamos para a escola? "ou " Come
o teu pequeno almoço agora!
" e " Entra
no carro ! "
4) Desligue o telemóvel quando
interage com o seu filho.
Realmente, só desta forma o seu
filho se vai lembrar, para o resto de sua vida, que era suficientemente
importante para os seus pais ao ponto de eles desligarem os telefones e computadores
quando estavam a ouvi-lo. Isto é
particularmente importante nas viagens de carro, pois a falta de contacto “olhos-nos-olhos”
retira a pressão, o que permite à criança (e adultos) uma maior disponibilidade
de se abrir e partilhar.
5) Disponha de um “Tempo especial”.
Todos os dias, 15 minutos com
cada criança, separadamente (se tem mais do que um filho). Poderá alternar, fazendo uma vez o que o
seu filho quer, outra vez uma actividade à sua escolha. Nos dias da criança,
bastará deixar fluir o seu amor por ela e deixá-la conduzir o jogo. Nos seus
dias, fuja da ideia de organizar muitas actividades em conjunto. Em vez disso
jogar alguns “jogos” terapêuticos podem ajudar o seu filho a ultrapassar
algumas questões críticas para ele.
6) Bem-vinda a emoção.
Muitas vezes é um momento difícil para os pais, e até mesmo inconveniente. Mas o seu filho precisa, para
expressar as suas emoções livremente, ou elas irão condicionar o seu comportamento. Permita as “derrocadas” e as “tempestades”
emocionais, não deixando que a raiva tome conta de si. Dê as boas vindas às
lágrimas e aos medos que se escondem atrás da raiva. Lembre-se que ele confia
em si ao ponto de conseguir chorar e acompanhe-o nesse momento, dando-lhe o seu
suporte. Depois da crise, ele vai sentir-se mais relaxado, mais cooperativo e
mais perto de si (Sim e é verdade que essa é uma missão difícil. Regular as
nossas próprias emoções é a parte mais difícil da paternidade).
7) Ouvir e ter empatia.
A ligação começa com a escuta. E morda
a sua língua (se for preciso) a não ser para dizer "Uau! .... sim eu vejo .... Realmente? ... Como foi isso
para ti?" o
hábito de ver as coisas do ponto de vista do seu filho irá assegurar que o
trata com respeito e procurar soluções onde os dois saem vitoriosos. Ele vai ajudá-lo a ver os motivos do seu
comportamento (que de outra forma o deixam fora de si). E irá ajudá-lo a regular as suas
próprias emoções, por isso, quando é levado ao limite se encontra em processo
de "luta ou fuga", pare respire fundo e conte até 10… e oiça o seu
filho, irá então perceber que ele já não se parece tanto com um inimigo.
8) Diminua a velocidade e aprenda
a saborear o momento.
Compartilhe o momento com o seu
filho: deixá-lo sentir o cheiro das frutas antes de colocá-los no batido ou na
salada. Coloque as mãos na água
correndo, e desfrute juntos dessa sensação de prazer da precipitação da água
nas mãos. Cheire o seu cabelo. Ouça a sua risada. Olhe-o nos olhos. Ligue ao momento presente,
sentindo-se no aqui e agora. Esta
é realmente a única maneira que poder ligar.
9) Aconchegar na hora do deixar
e conversar.
Defina a hora de dormir do seu
filho um pouquinho mais cedo, com o pressuposto de que você vai passar algum
tempo no seu quarto, aconchegando-o no escuro. Estes momentos de partilha no escuro
convidam o seu filho a trazer à superfície os medos, as angústias e as
inseguranças. E vai ter que resolver o seu problema logo de seguida? Não, fique
só a ouvi-lo. Reconheça os sentimentos. Tranquilize-o, dizendo que o está a
ouvir e que juntos, vão resolver o assunto no dia seguinte. Não deixe de o
acompanhar na manhã seguinte. Ficará surpreendido com a cumplicidade e com a
ligação que estes momentos irão criar. Não abandonar este hábito depois da
criança crescer, mesmo os adolescentes abrem o coração ao deitar.
10) Esteja Presente.
A maioria de nós passa a vida
semi-presente. Mas o seu filho terá
apenas cerca de 900 semanas de infância antes de deixar a sua casa. Ele irá
embora mesmo antes que se dê conta. Então tente isto enquanto prática diária.
Enquanto está envolvido numa actividade ou conversa com o seu filho,
concentre-se no aqui e agora. Será difícil fazê-lo o tempo todo, as
preocupações e rotinas tendem a ocupar a nossa mente. Mas se praticar um pouco
todos os dias, vai conseguir fazê-lo cada vez melhor. E é desta forma que se
criam aqueles momentos com o seu filho que fazem o seu coração “derreter”.
Ana Paulico
Psicóloga Clínica
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